Meia hora na pista com o novo 911 Carrera S

Eu tinha só trinta minutos com o novo 911 Carrera S – ou seja, não havia muito tempo para preliminares! Peguei a bala-clava e o capacete fornecidos pela Porschee fui direto aos finalmente. Entrei no carro, fiz os ajustes (devo ter levado uns cinco minutos até estar 100% pronto). Em seguida, dei a partida no motor 3.8 Boxer e senti a carroceria tremer. Estava definitivamente tudo preparado.

O instrutor Marcelo Sala perguntou-me se eu queria dirigir no modo manual. "De jeito nenhum!", respondi. O câmbio automatizado de dupla embreagem e sete marchas da Porscheé tão rápido, que era melhor deixá-lo gerenciar as trocas sozinho– se eu quisesse fazer as mudanças, era só usar os paddle-shifts no volante. Assim, posicionei a alavanca em "Drive" e acelerei.

Foram sete ou oito voltas seguidas no pequeno e sinuoso circuito da fazenda Capuava, dos abastados irmãos Diniz – em Indaiatuba, interior de São Paulo. Já havia tido o privilégio de guiar a nova geração do Porsche 911 em novembro de 2011, na California (EUA). Mas, pela primeira vez, pude pilotar o modelo livremente em um circuito fechado. E, convenhamos, isso muda tudo.

Ainda restavam uns 25 minutos com essa máquina de sétima geração. E eu não desperdicei. A primeira volta é sempre de reconhecimento. Pisei mais leve, para observar o comportamento do carro e rever o traçado. Enquanto isso, o amigo Marcelo Sala foi destrinchando a parte técnica. Já conhecia quase todos os recursos eletrônicos, mas desta vez fiquei mais íntimo do modo "Sport Plus".

No Brasil, o 911 Carrera por enquanto será vendido apenas na versão S (R$ 639.000), equipado com o câmbio PDK e o pacote Sport Chrono– que traz uma série de recursos destinados a amplificar a esportividade ao volante. Nas primeiras duas voltas em Capuava, dirigi o cupê no modo "normal". Depois, passamos ao "Sport" e, mais duas voltas adiante, ao envenenado "Sport Plus".

O que mais impressiona é que de fato existem diferenças notáveis no comportamento do cupê em cada programa. Com o botão "Sport" acionado, a suspensão fica ligeiramente mais dura, os giros sobem mais rápido e as trocas de marcha ficam ainda mais ligeiras. O peso da direção elétrica (inédita no 911) aumenta e, para completar, até o ronco do motor fica mais encorpado e grave.

Mas é no modo "Sport Plus" que o 911 Carrera S vai ao extremo. Com os ajustes eletrônicos calibrados no limite, o cupê se comporta quase como um carro de corrida de verdade. O barulho do bloco 3.8 Boxer (com os seis cilindros opostos, 400 cv e brutos 44,5 kgfm de torque) invade a cabine com tudo – o ronco fica tão alto que o motor parece estar "colado" atrás dos bancos.

Nas curvas, a suspensão enrijecida deixou o esportivo bem mais arisco –em algumas manobras foi possível sentir as rodas de trás escorregarem sutilmente, uma sensação deliciosa que só um esportivo de tração traseira é capaz de oferecer. Para completar, o câmbio PDK permite ao motor ir ao limite de giros (7.800 rpm), produzindo estilingadas a cada troca de marcha.

A Porschediz que esta sétima geração do 911 é a mais rápida de todos os tempos – o esportivo é produzido desde 1964. Eu não duvido. Em termos de engenharia, o novo 911 Carrera deu um salto enorme. A carroceria feita com aços de baixa e alta resistências e alumínio está 25% mais rígida, e 45 kg mais leve. Ao mesmo tempo, as dimensões cresceram, as bitolas aumentaram.

A fábrica de Stuttgart também instalou, pela primeira vez no modelo, direção com assistência elétrica – sistema bem mais eficiente e leve que o hidráulico. E apesar de todas as mudanças terem buscado deixar o esportivo ainda mais ligeiro, o 911 Carreratambém ganhou sistema start/stop, que desliga o motor em paradas curtas (como em semáforos) para queimar menos gasolina.

O resultado disso tudo é um carro extremamente estável, mesmo nas situações mais extremas, e com uma oportuna pitada ecológica. Na fazenda Capuava, aPorsche não permitiu que fosse desligado o controle dinâmico de estabilidade (DSC). Sem o recurso ativado, o esportivo escorregaria bastante nas curvas, exigindo muito mais habilidade do piloto – que teria de ser um profissional.

De qualquer maneira, saí do carro com a sensação de ser (quase) um automobilista – os elogios do instrutor Marcelo Sala também aguçaram meu ego! Mas brincadeiras à parte, o novo 911 Carrera é uma máquina da mais fina linhagem, que faz com que o motorista se sinta um profissional ao volante. E tudo com muito luxo e sofisticação a bordo. Pena que meu tempo foi tão curto.

Ficha Técnica

Porsche 911 Carrera S

Motor: Traseiro, seis cilindros opostos (Boxer), 24 válvulas, comando variável, injeção direta, gasolina

Cilindrada: 3.800 cm3

Potência: 400 cv a 7.400 rpm

Torque: 44,8 kgfm a 5.600 rpm

Câmbio: Automatizado de dupla embreagem e sete marchas (PDK)

Dimensões: 4,49 m (comprimento); 1,80 m (largura); 1,29 m (altura); 2,45 m (entre-eixos)

Suspensão: Independente McPherson na dianteira e multilink atrás

Direção: eletro-mecânica

Pneus: 245/35 e 295/30 R20

Aceleração 0 a 100 km/h: 4,3 segundos*

Velocidade máxima: 302 km/h*

Preço (R$): 639.000

Principais itens de série: Direção elétrica, ar-condicionado de duas zonas, "trio" elétrico, freio a discos ventilados nas quatro rodas com ABS e EBD, controles eletrônicos de estabilidade e de tração, airbags frontais, laterais e de cortina, monitor de pontos cegos dos espelhos laterais, rodas de liga leve aro 20, controle de cruzeiro, sistema multimídia com navegador GPS, câmera de ré, computador de bordo e som premium, com rádio/CD, conexão USB e para cartão de memória, iluminação diurna por leds, sensores de obstáculos dianteiro e traseiro, ajuste elétrico nos bancos, ampla forração em couro e pacote Sport Chrono, com relógio no console, mostradores digital e analógico, indicador de performance, controle de largada e o botão Sport Plus, que altera a calibração do acelerador, da direção, da suspensão e do câmbio – até o ronco do motor fica mais encorpado.